-O dia amanheceu lindo! Você vai levar a sua menina para passear?
-Eu gostaria de levá-la, sim! Domingo é o único dia da semana que me sobra mais tempo pra ela.
-Eu também quero levar o meu menino: será a primeira vez que ele irá naquela pracinha.
-Então, se prepara! Eles gastam muita energia... a deles e a nossa.
-Você costuma levar alguma coisa pra ela?
-Sempre levo água, biscoitinhos, uma ou outra fruta... como te falei: eles consomem bastante energia...ah! levo também, uns brinquedinhos e um saco plástico - de supermercado.
-Pra que o saco plástico?
-Pra não deixar a pracinha suja. Já pensou se a gente não limpar a sujeira que eles fazem?
-Você tem razão: eu me preocupo muito com a saúde do meu menino.
-Sua preocupação é natural, as pracinhas não são como nossos playgrounds, onde todos os amiguinhos se conhecem e a gente sabe das suas procedências. Em ambiente público, sabe como é: a mistura é inevitável.
-Você que leva sua menininha há mais tempo na pracinha, o que me diz? ela gosta?
-Ah! ela adora...volta pra casa toda suja e muito cansada; daí é só dar um banhinho e ela dorme feito um anjinho.
-Não vejo a hora de ver o meu Romerito correndo naquele gramado, brincando com os amiguinhos... o coitadinho passa muito tempo dentro do apartamento, sem espaço pra nada.
A Amelie, também! é só falar em passear que ela arregala os olhinhos e vai em direção à porta...a danadinha já entende a palavra passear.
-Você acha que Romerito vai conseguir se enturmar com os novos amiguinhos? Ele quase não sai de casa. Seu convívio é mais com a gente.
-No início ele vai se ressentir um pouco, mas, gradativamente, se soltará.
-Será que ele vai sofrer o bullying?
-Ahn...como assim?
-...É claro que estou brincando. Mas hoje, nos meios sociais - não só o escolar - o que se vê, com certa frequência, é esse tipo de atitude, de alguns engraçadinhos que se escondem atrás das suas inseguranças, seus traumas, para exercitarem, sobre seus pares, agressões físicas e psicológicas.
-É... você está certa! Essa prática está deixando nós, os pais, muito preocupados. Não vê, agora, o que aconteceu naquela escola do Rio?
-Bem... o elevador está chegando... a gente se encontra lá.
-Ok!...ah, a propósito você não tem em casa uma coleira sobrando que me possa emprestar? O petshop, hoje, não abre e a coleira dela arrebentou no passeio da semana passada, e eu esqueci de comprar outra.
-Claro que tenho. Vou mandar meu filho levar em seu apartamento.
-Obrigada.
Depois de presenciar a tal conversa, fiquei pensando com os meus botões....Como os tempos mudaram. Antigamente levavam-se os filhos para passear nas pracinhas. Hoje levam-se os cães que mais parecem filhos... se não os próprios filhos.

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